domingo, 10 de junho de 2012

Cineasta Spike Lee estranha ausência de negros na mídia brasileira

"SÃO PAULO - Após uma semana inteira de viagens, filmagens e entrevistas com personalidades brasileiras para o documentário "Go Brazil go", o cineasta americano Spike Lee, de 55 anos, se disse surpreso com a primeira de suas constatações: a ausência de negros na mídia brasileira. Para o diretor, que planeja o lançamento do filme para antes da Copa do Mundo de 2014, os Estados Unidos estão 20 anos à frente do Brasil quando o assunto é acabar com o racismo.

— Meus ancestrais foram libertados em 1865 e, no Brasil, a escravidão foi abolida em 1888. É uma diferença pequena, mas se compararmos a evolução de afroamericanos e de afrobrasileiros, estamos 20 anos à frente — disse Lee, em entrevista coletiva realizada em São Paulo.
O cineasta esquivou-se das tentativas de definir seu novo filme, mas deixou claro que o racismo terá destaque, apesar de não ser o único mote do projeto, que conta com a consultoria do escritor Fernando Morais.

— Entre 50% e 60% da população brasileira é negra. Fiquei surpreso ao saber — disse Lee, que esteve no país pela última vez em 1995, quando dirigiu o clipe de "They don’t care about us", de Michael Jackson, no Morro Dona Marta, no Rio, e no Pelourinho, em Salvador.

— Na primeira vez em que estive aqui, em 1987, fiquei chocado ao ver que na TV, em revistas, não havia negros. Melhorou um pouco. Mas há muito a fazer. Quem nunca veio ao Brasil e vê a TV brasileira via satélite vai pensar que todos os brasileiros são louros de olhos azuis — disse.
Políticos como o ex-jogador de futebol e agora deputado Romário, músicos como Caetano Veloso e Gilberto Gil, além de artistas plásticos como osgemeos também foram entrevistados.

— Um documentário é tão bom quanto as pessoas que você entrevista — disse Lee. — Sem as pessoas certas, não há nada a ser feito, não importa o quão bom cineasta você seja. A seleção de entrevistados é um recorte amplo da sociedade brasileira. Ainda não entrevistei Lula e Dilma Rousseff, mas espero entrevistá-los quando voltar.
Da agência, O Globo"


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