— Meus ancestrais
foram libertados em 1865 e, no Brasil, a escravidão foi abolida em 1888. É uma
diferença pequena, mas se compararmos a evolução de afroamericanos e de
afrobrasileiros, estamos 20 anos à frente — disse Lee, em entrevista coletiva
realizada em São Paulo.
O cineasta esquivou-se
das tentativas de definir seu novo filme, mas deixou claro que o racismo terá
destaque, apesar de não ser o único mote do projeto, que conta com a
consultoria do escritor Fernando Morais.
— Entre 50% e 60% da
população brasileira é negra. Fiquei surpreso ao saber — disse Lee, que esteve
no país pela última vez em 1995, quando dirigiu o clipe de "They don’t
care about us", de Michael Jackson, no Morro Dona Marta, no Rio, e no
Pelourinho, em Salvador.
— Na primeira vez em
que estive aqui, em 1987, fiquei chocado ao ver que na TV, em revistas, não
havia negros. Melhorou um pouco. Mas há muito a fazer. Quem nunca veio ao
Brasil e vê a TV brasileira via satélite vai pensar que todos os brasileiros
são louros de olhos azuis — disse.
Políticos como o
ex-jogador de futebol e agora deputado Romário, músicos como Caetano Veloso e
Gilberto Gil, além de artistas plásticos como osgemeos também foram
entrevistados.
— Um documentário é
tão bom quanto as pessoas que você entrevista — disse Lee. — Sem as pessoas
certas, não há nada a ser feito, não importa o quão bom cineasta você seja. A
seleção de entrevistados é um recorte amplo da sociedade brasileira. Ainda não
entrevistei Lula e Dilma Rousseff, mas espero entrevistá-los quando voltar.
Da agência, O
Globo"
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